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domingo, 25 de julho de 2010

CRÔNICA DA SEMANA - BEBADO

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O BEBADO*




Embalos de sábado à noite? Mais ou menos. Para a maioria, resume-se às idas aos restaurantes, a uma pizza, a uma lasanha. Tomar uma bebidinha para abrir o apetite. Nas rodinhas de solteiros, o álcool expande o assunto, dá asas à imaginação, solta a língua. A mãe, pais de família refrescam a garganta com a cerveja, vinho, antes ou durante o prato ser servido e, forrado o estômago, se levantam e seguem carregando as crias para casa. O lazer garantido, fortalecido as relações, é hora de recolher-se.


                                 fonte: kadaideia.blogspot.com/2010/06/o-bebado-na-po...
 
Pena que para o bêbado a situação seja outra. O álcool figura não como complemento, mas como única forma de se achar no mundo tortuoso em que o vício lhe prende.


Lá vai ele para o bar. A determinação inicial: rir com os amigos. Mas chega a hora que a risada desagrada, e os amigos vão se embora, para suas casas, seus amores. Ainda tenta prender um remanescente a seu lado. “Então, sabe daquela vez que nós...” ou “Já? Espera mais uma... agora é a saideira” tipos de frases que visam manter viva a chama da prosa o maior tempo possível.


De repente, o companheiro tira a grana da carteira e fala: “é a parte que me cabe”. Às vezes o bêbado pede a conta e encerra; noutras, limita-se a dizer tudo bem, deixa aí. E se volta para si. O bar, restaurante, boteco fica diferente. Ele está sozinho. As pessoas desconhecidas circulam, chegando ou saindo. Ele ali, plantado.

Chora e ri com as eventuais músicas que tocam num alto-falante distante, que não havia notado quando em companhia dos camaradas, mas que neste momento parece martelar seus ouvidos. Daquele instante, não lembraria no dia seguinte, nem sob tortura, o que ele disse, pensara, com quem ele proseou, os perigos e prazeres que atravessara.

Inconsciente, seguirá ele por ruas, avenidas. Por pouco não será atropelado por carros, bicicletas. Um quê de sorte e asco o livrará de assalto e de possível perversidade de bandidos de plantão. O corpo chegará a casa, mas a consciência estará em outro plano. Ainda na rua, veremos um corpo magro, ziguezagueando, por vezes tombando no asfalto, erguendo-se com dificuldade. Raramente haverá tombo, quando ainda jovem, mas depois dos quarenta serão freqüentes. Pior, os machucados, os hematomas serão dolorosamente mais intensos.

Se no início era por alegria que bebia, agora é para fugir da nulidade que o vício leva a alma sem eira nem beira.


*escritor ronaldo duran, colabora em jornais brasileiros. www.twitter.com/ronaldo_duran
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