Páginas

quinta-feira, 22 de abril de 2010

inglês instrumental II - david ricardo

CHAPTER 1. ON VALUE











"The value of a commodity, or the quantity of any other commodity for which it will exchange, depends on the relative of labour which is necessary for its production, and not on the greater or less compensation which is paid for that labour."

















It has been observed by Adam Smith, that 'the word Value has two different meanings, and sometimes expresses the utility of some particular object, and sometimes the power of purchasing other goods which the possession of that object conveys. The one may be called value in use; the other value in exchange. The things,' he continues, 'which have the gretest value in use, have frequently little or no value in exchange; and, on the contrary, those which have the greatest value in exchange, have little or no value in use; Water and air are abundantly useful; they are indeed indispensable to existence, yet, under ordinary circumstances, nothing can be obtained in exchange for them. Gold, on the contrary, though of little use compared with air or water, will change for a great quantity of other goods.

It has been observed - foi observado

The word Value has two different meanings - a palavra valor tem dois significados diferentes.

Utility - utilidade

The one may called - uma pode (ser) chamada

Value in use - valor de uso

Value in exchange - valor de troca

Utility then is not the measure of exchangeable value, although it is absolutely essential to it. If a commodity were in no way useful, - in other words, if it could in no way contribute to our gratification, - it would be destitute of exchangeable value, however scarce it might be, or whatever quantity of labour might be necessary to procure it.

then - então

exchangeable value - valor de troca

commodity - mercadoria

in other words - em outras palavras

in no way - de nenhum modo (aqui)

whatever quantity of labour - qualquer quantidade de trabalho



Possessing utility, commodities derive their exchangeable value from two sources: from their scarcity, and from the quantity of labour required to obtain them.


possessing - possuindo
derive - derivar, extrair
their - sua, seu
sources - fontes
from - de
to obtain them - para obtê-los





There are some commodities, the value of which is determined by their scarcity alone. No labour can increase the quantity of such goods, and therefore their value cannot be lowered by an increased supply. Some rare statues and pictures, scarce books and coins, wines of a peculiar quality, which can be made only from grapes grown on a particular soil, of which there is a very limited quantity, are all of this description. Their value is wholly independent of the quantity of labour originally necessary to produce them, and varies with the varying wealth and inclinations of those who are desirous to possess them.


there are some - há algumas
which - os quais
by their - pelos
no labour can increase the quantity of such goods - Nenhum trabalho pode aumentar a quantidade de tal produto.
therefore - portanto
some statues and pictures - algumas esculturas e quadros






These commodities, however, form a very small part of the mass of commodities daily exchanged in the market. By far the greatest part of those goods which are the objects of desire, are procured by labour, and they may be multiplied, not in one country alone, but in many, almost without any assignable limit, if we are disposed to bestow the labour necessary to obtain them.





these - essas
however - contudo
form a very small part of the mass - forma uma bem pequena parte da massa
in the market - no mercado
procured by labour - obtido por trabalho
alone - somente, só





In speaking then of commodities, of their exchangeable value, and of the laws which regulate their relative prices, we mean always such commodities only as can be increased in quantity by the exertion of human industry, and on the production of which competition operates without restraint.





in speaking - falando
of the laws which regulate - das leis que regulam
relative prices - preços relativos
we mean - isto é, nós queremos dizer
only - só
restraint - restrição





In the early stage of society, the exchangeable value of these commodities, or the rule which determines how much of one shall be given in exchange for another, depends almost exclusively on the comparative quantity of labour expended on each.


in the early stage - no estágio inicial
the rule which determines - a regra que determina
in exchange - em troca
another - outro
almost - quase
on each - sobre cada um.







'The real price of every thing, ' say Adam Smith, 'what every thing really costs to the man who wants to acquire it, is the toil and trouble of acquiring it. What every thing is really worth to it, or the man who has acquired it, and who wants to dispose of it, or exchange it for something else, is the toil and trouble which it can save to himself, and which it can impose upon other people.' 'Labour was the first price - the original purchase-money that was paid for all things.' Again, in that early and rude state of society, which precedes both the accumalation of stock and the appropriation of land, the proportion between the quantities of labour necessary for acquiring different object seems to be the only circumstance which can afford any rule for exchanging them for one another. If among a nation of hunters, for example, it usually cost twice the labour to kill a beaver which it does to kill a deer, one beaver should naturally exchange for, or be worth two deer. It is natural that what is usually the produce of two days', or two hours' labour, should be worth double of what is usually the produce of one day's, or one hour's labour.'


the real price of every thing - o preço real de cada coisa
the toil and trouble of acquiring it - a fadida e dificuldade para adquiri-lo
impose upon other people - impõe sobre outras pessoas
again - novamente
which precedes both the accumulation of stock - o qual precede tanto a acumulação de estoque quanto
hour's labour - hora de trabalho.






That this is really the foundation of the exchangeable value of all things, excepting those which cannot be increased by human industry, is a doctrine of the utmost importance in political economy; for from no source do so many errors, and so much difference of opinion in that science proceed, as from the vague ideas which are attached to the word value.





really - realmente
all things - todas as coisas
cannot be - não pode ser
utmost - máxima
errors - erros
proceed - procede





If the quantity of labour realized in commodities, regulate their exchangeable value, every increase of the quantity of labour must augment the value of that commodity on which it is exercised, as every diminution must lower it.

realized - percebido, imbutido
must - deve
augment - aumentar
exercised - exercido
as - como
lower it - baixá-lo, diminui-lo





fonte foto: http://www.newscomex.com.br/


* Primeiro capítulo - sobre o valor - obra Princípios de Economia política de David Ricardo. Em pdf. Fonte: batoche books, kitchener, 2001.









quarta-feira, 21 de abril de 2010

educação - nelson valente


O ESTADO BRASILEIRO TEM OJERIZA À AUTONOMIA.

TEM ALERGIA À IDEIA DE ÓRGÃOS AUTÔNOMOS.



Seria lícito mencionar, até mesmo o erro de redação, na LDBEN, envolvendo o art. 9. inciso IX e o art. 10, inciso IV, que definem funções para dois poderes diferentes (união e estados), o que deverá ser corrigido por uma Portaria Ministerial, embora seja um remendo lamentável. Como pode uma lei do Congresso ser corrigida por instrumento de menor hierarquia?



Nos dois últimos governos inventaram índices, condições de oferta, Sinaes, Conaes, IGCs, CPCs, CCs AIEs (Avaliação Institucional Externa), produzimos especiosos e detalhistas, senão ineficazes, instrumentos de avaliações, além de Enade, Enem, provinhas e provões, decretos-pontes, reformas universitárias, dilúvios de portarias ministeriais, micro (ou nano) regulatórias, enfim, uma parafernália de mudanças.



Tudo muito bonito, mas efetivamente inócuo.



É um processo avassalador de modificações tão constantes que não permitem garantir um sentimento de estabilidade nem aos estudantes e suas famílias, nem aos gestores, nem aos docentes. E a sociedade certamente enxerga que a educação deveria merecer um tratamento permanente. É um mistério na vida política brasileira saber porque conseguimos fazer isso com a economia e não conseguimos com a educação. Os governos brasileiros, federal e estaduais, têm alergia à ideia de órgãos autônomo, sejam agências reguladoras, sejam universidades, sejam conselhos educacionais. Por isso, por exemplo, universidades brasileiras não gozam de autonomia verdadeira. Acho que os políticos brasileiros pensam que autonomia seja equivalente à soberania. E soberanos, como sabemos, no nosso caso, são mesmos os políticos. Estamos longe de entender a importância de órgãos técnicos autônomos, mas responsáveis frente à sociedade e a seus representantes. Nesse sentido, é de certa forma irônica observar que foi certa autonomia do Banco Central que deu ao Brasil a estabilidade da qual hoje se beneficia o país.




O Governo não achou a identidade de sua relação com o CNE, assim como o CNE não conseguiu achar sua identidade. O CNE não tem tempo para discutir as suas próprias questões porque está amarrado no relato de processos. Ele não aprofunda seus estudos porque não tem assessoria técnica. Não tem competência para avançar nos grandes temas regulatórios da administração pública ou da legislação adequada, porque tambémnão tem assessoria jurídica nenhuma.




O Conselho fica como uma caixa de fósforo vazia. E os ministros, fingindo que não sabem disso, mas sabem muito bem, nunca se dispõem a prover meios técnicos, equipe, estrutura e recursos que possibilitem a existência efetiva do CNE. Os 24 Conselheiros - 12 da Câmara de Educação Básica e 12 da Câmara de Educação Superior - trabalham em certo vácuo de ausênsia de apoio técnico. Os poucos técnicos que temos são abnegados, fazem milagres. Os conselheiros despacham em cubículos, visto que só têm arremedos de sala, sem nenhuma privacidade e sem nenhuma assessoria. Levam para casa seus processos e elaboram de próprio punho seus pareceres, diligências e toda e qualquer minudência processual. Conselheiros são secretários de si mesmos. Se sequer o órgão tem estrutura para trabalhar, é compreensível que o CNE não tenha encontrado a sua verdadeira identidade, seu verdadeiro papel. E isso não é diferente nos estados federados.



O CNE difere do antigo Conselho Federal em um ponto essencial: o Conselho Federal tinha estrutura, servidores, assessores, assessorias técnicas, cargos em comissão. O antigo CFE era um órgão aparelhado para funcionar. Por um mistério, entre o encerramento desmoralizante, e talvez intempestivo, posto que acabaram não sendo investigadas as razões que teriam dado razão ao fechamento do CFE, no governo Itamar, e o começo do CNE, sumiu a equipe técnica, sumiram os cargos em comissão, sumiram as assessorias especializadas, sumiu a estrutura e o CNE virou essa caixa de fósforo vazia.



Em certo sentido, o CFE ainda é mais lembrado talvez do que o CNE. Algumas pessoas citam seus pareceres e, francamente, alguns pareceres doutrinários do antigo CFE merecem mesmo um lugar relevante.




O fim do Conselho Federal de Educação, um erro político. Se o argumento, na época, foi a descoberta de pretensas irregularidades, por que não se abriu o competente inquérito para apurar responsabilidades. Disse na época, o ministro, que o CFE transformou-se num "balcão de negócios". Quais eram as pessoas envolvidas nesse comércio? A generalização de acusação sem provas não parece uma prática defensável, pois colocava todos sob suspeita. E há um pormenor essencial: o extinto CFE examinava os processos que eram remetidos para o MEC, a fim de serem aprovados, o que muitas vezes dependia também da homologação presidencial. Portanto, havia uma tríplice e solidária aprovação! Como caracterizar apenas a responsabilidade do extinto CFE?




Se o CFE precisou mesmo ser fechado, seria benéfico que a sociedade conhecesse o resultado das investigações e inquéritos que justificaram o fechamento. É muito ruim que um Estado moderno feche o seu Conselho Federal de Educação e não publique resultados efetivos de investigações, não puna ninguém ou desculpe ninguém porque, no fundo, sobram apenas as suspeitas gerais. E isto fragiliza a todos no passado e, por que não, no futuro, inclusive no CNE atual.



É preciso esclarecer que a crítica que se fez ao Conselho Federal de Educação baseava-se no seu excessivo cartorialismo, aliás, não correspondente à verdade. O Conselho Fedeal de Educação não criava cursos. Apenas analizava e dava o seu parecer com base em informações constantes. Admitindo-se que seja defensável a observação, o proposto Conselho Nacional de Educação é o próprio cartório, pois aparecia em 66 artidos do projeto de lei, numa proporção de 1:3, ou seja, de cada três artigos um cita o CNE e lhe confere atribuições. O Conselho Nacional da Educação (Lei 9113/95), com 30 membros; depois vem o Fórum Nacional de Educação, de congregação confusa e inaplicável; surge o Conselho Nacional de Capacitação Profissional, com 15 membros, com finalidades que poderiam estar no primeiro ato normativo, e por aí vai a mexida geral, que mais parece uma salada pedagógica de primeira ordem.




Se tivéssemos a estrutura técnica do extinto CFE, certamente o CNE teria produzido peças fundamentais para a história do pensamento educacional brasileiro e de todas as reformas educacionais, ocorridas no Brasil: Foram muitas as leis definidoras da educação brasileira. Enfrentando muitos atropelos e uma vida média, em geral, inferior a dez anos, sucederam-se as reformas da educação brasileira.



_ "O CNE deve ser um órgão de Estado. Por exemplo, quando o CNE vota um parecer de credenciamento da abertura de uma faculdade, o documento vem do MEC, já analisado pelas secretarias. No CNE, é discutido e preparado o parecer e enviados para homologação. Chegando ao gabinete do ministro, pensa que vai mesmo ao ministro para análise e homologação? Não vai não! O mesmo parecer é mandado de volta para a análise das secretarias, que já haviam recebido antes o processo, e depois o encaminham para a secretaria jurídica. O MEC ouve a burocracia, que não é qualificada para isso como são os conselheiros, para só então homologar ou enterrar, pelo silêncio, o parecer. Qualquer parecer do CNE morre num escaninho da burocracia, se assim se desejar. Nesse sentido, o CNE é refém da burocracia do MEC, que se manifesta duas vezes sobre cada assunto avaliado pelo CNE, antes de ir ao CNE e depois de voltar do CNE. Isto faz sentido?




Claro que não, e claro que sim. Claro que não, se pensarmos na existência legal de um verdadeiro CNE. Claro que sim, se pensarmos no predomínio burocrático sobre o estragégico e na incompreensível dificuldade que todo ministro tem com órgãos eventualmente autônomos em seus ministérios. É claro que uma das ambições que o CNE abriga é a de ter um Estatudo aprovado por decreto presidencial, que regulamentasse a lei que o cria. Muitos conselhos da órbita federal têm seu estatuto aprovado por decreto do Presidente da República, e certamente não seria demais pedir que o CNE tivesse seu estatuto também desta forma.



No dia 11 de maio de 2008, há quase dois anos, o CNE aprovou o Parecer CNE/CP no. 3/2008, que reexamina o Parecer CNE/CP no. 7/2007, com proposta para o ministro homologar um parecer, concordando que o estatudo fosse exarado por decreto presidencial. Essa matéria está voltando para lá e para cá há três anos. E este parecer está agora de volta ao CNE, enviado para reexame pelo gabinete do ministro que simplesmente diz que o CNE não pode ter um estatudo aprovado pelo Presidente da República, só pode ter um regimento aprovado pelo ministro. Ou seja, o CNE é mais, em verdade, um CME, Conselho Ministerial de Educação, do que efetivamente nacional. Esse episódio só serve para mostrar que mesmo os mais modernos ministros não estão muito dispostos a dar ao CNE um grau de autonomia em uma grandeza que talvez pudesse rivalizar com o MEC, pelo menos em termos doutrinário. O Estado brasileiro tem ojeriza à autonomia. Esse estatuto é um dos tristes marcos do período do CNE. E esse parecer será votado novamente e talvez venha a repetir o mesmo ciclo de frustrações." Diz o conselheiro Edson Nunes. (... haverá continuação deste artigo)



*Nelson Valente, escritor, jornalista, e professor universitário. Contato: nelsonvalenti@hotmail.com




crônica - ronaldo duran









O CARTEIRO*



















A cidade convida a um passeio de bicicleta. Às sete da manhã, o sol brilha com todo o esplendor de janeiro. Sem as nuvens para ofuscar sua apoteose. O pai beija os filhos que ainda dormem: a menina que completou dois meses de vida ontem e o garotão com quase dois anos. Para a esposa, que estava na cozinha preparando o café espantador de sono, ele sorriu, um riso que traduzia agradecimento pela noite de amor e pela vigilante presteza para colocar a mesa do café antes que saísse para o serviço, mesmo que ela estivesse de licença gestante.


Um pouco por conta da licença gestante da esposa é que ele pode ir de bicicleta em vez de pegar o carro. Antes, a rotina era levar o garoto para creche, ainda sonolento, e seguirem ele e a esposa para a labuta nos Correios.


Dos vários empregos que ele frequentou, nos Correios é onde está permanecendo por mais tempo. O fato de ser o primeiro emprego público conseguido por concurso de provas e títulos, ainda que celetista, faz a diferença. Nos demais, era uma exploração insana. A pessoa que no máximo exibe o ensino médio acha-se em situação ruim. Infelizmente, o ensino médio, não técnico, vale muito pouco. Não havendo uma especialidade, sobram os serviços não qualificados, os quais são geralmente mal-remunerados, mal-valorizados.



Foi recepcionista em hotel por vários anos. Diga-se de passagem, por vários hotéis. Uma experiência que o agradou, e que provavelmente o levaria a cursar Hotelaria, caso não tivesse a sorte de entrar no atual emprego.


Tudo mudou nos Correios. A valorização. Salário e benefícios dignos para um trabalhador que durante o dia inteiro roda a pé o que a média do brasileiro não percorre em um ano.



Morando com os pais, pouca intenção tinha em casar-se antes de ser carteiro. Pouco menos de um ano nos Correios, deparou-se com uma moça igualmente batalhadora. Ela seria mãe de seus filhos.



O relógio marca onze horas. Os pés ainda não doem. O sol, contudo, faz a roupa molhar de suor. Num bar, pede água. No banheiro, refresca o rosto com a água da torneira. Agradece ao proprietário, ao mesmo tempo em que lhe deixa a correspondência. Segue em frente.





O horário de almoço está próximo. A meta mais uma vez será cumprida antes do prazo máximo. Tem lá suas recompensas como entregador de cartas. Nada de reclamar do emprego. Acreditando-se merecedor de melhor sorte, apenas espera subir de posto um dia, e sair da dura jornada na rua. Com trinta e seis anos, o peso da idade chegando... Por isso que há três anos tirou carta de habilitação. Espera ser promovido a motorista.



fonte da imagem do carteiro: nossafolha.wordpress.com/2008/08




*Ronaldo Duran, cronista e romancista, colabora toda semana em jornais brasileiros. Contato com o autor: http://www.facebook.com.br/