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segunda-feira, 21 de junho de 2010

CRÔNICA DA SEMANA - BIQUINI

Olá, Amigo Leitor,

Renovo o convite de você colaborar no Literatura Viva, caso queira.
Já temos nosso modesto escritório.

Agora, a luta é para conseguirmos uma sede
que dê espaço para os escritores e amigos circularem sem aperto.

Que a crônica abaixo agrade a você.

Abraços,



Ronaldo


Escritório Litetartura Viva

Rua Herval, 1074, São Paulo - SP

CEP 03062-000




                                             BIQUINI



Falta pouco. Em vinte minutinhos, estarei diante do mar. Nas curvas, vemos as primeiras imagens de Caraguatatuba. A pista está uma beleza, pouco movimentada, apesar de feriado. A Páscoa é um dos poucos feriados que a rodovia dos Tamoios não fica insuportável. Eu que o diga. Sou praieira de carteirinha. Curto sair do estresse. Preciso mergulhar na água salgada, sentir meus pés na areia, a bruma lambendo meu calcanhar, a batata da perna, minhas coxas.


Esse hábito é desde o tempo de namoro. Ele foi quem numa quinta-feira me trouxe para cá. Antes eu vinha somente nas férias familiares. Foi tipo travessura. Estávamos trabalhando, e saímos para almoçar. Quando deu na louca de me convidar para irmos para Caraguá em vez de enfrentar o trampo à tarde. Pensei que estivesse brincando. Logo ele tão centrado. Por isso não me opus, achando que fosse brincadeira. Quando passamos Paraíbuna, percebi que não era blefe. Descemos. Ficamos pela primeira vez a sós. Nosso caso acabou, mas o prazer em descer para o litoral permaneceu.



Daquele dia em diante, passei a ver a praia como fonte de repor energias. Trabalhando num escritório de venda de maquinário, no estresse diário de fechar vendas, eu torço quando um feriado pinta. Eu mereço.


Gosto do meu corpo. Adoro meus biquínis. Longe de ser presunçosa, mas é tão bom ver que os outros apreciam também. Os garotos, os homens e as mulheres. As mulheres exibindo no rosto uma inveja ora elogiosa ora despeitada. Os garotos buscando o desconhecido. E os homens? Muitos, malícia pura. Nem ligo. Curto os olhares. Curto a brisa batendo em meus cabelos. Desfilar no calçadão, ao contrário de São Paulo, é precioso e relaxante.



Sendo morena, o sol me é um grande parceiro. Óbvio, me cuido. Nada de insolação, ou bancar a lingüiça assando. A arte de aproveitar a praia é conhecer limites.


À tardinha, visto o shortinho, a sandália, após tomar uma chuvarada, e os brincos, e vou caminhar, quando não caçar uma cachoeira na companhia de uma galera. Acampar faz parte do repertório. Solitária ou acompanhada eu desbravo áreas novas. Tenho um quê de exploradora.


À noite, quando não acampada em lugar exótico, dou uma volta no shopping ou na orla da cidade. Um show de rock ou pop anima. Bebendo pouco ou nada de álcool, estou inteiraça para aproveitar a praia de manhã cedinho no domingo. Minha referência é Caraguá, mas sempre dou um pulo em São Sebastião, Ubatuba. Adoro passear nos points de Ilha Bela.



* ronaldo duran, romancista, colabora em jornais brasileiros. www.facebook.com.br