Páginas

sábado, 23 de maio de 2009

nelson valente maio II


VESTIBULAR, UMA DESGRAÇA!

(*) Nelson Valente



NÃO é só no Brasil que a experiência do vestibular gera complicações variadas. Ele representa uma verdadeira contradição. É feito para servir de filtro aos concluintes do ensino médio.


SE esses alunos não conseguem êxito no concurso de habilitação, com os conhecimentos amealhados nas escolas, é a prova concreta de que o ensino que lhes foi ministrado era de baixo nível. Ou, como preferem outros, a prova de que o vestibular propõe questões que nada têm a ver com o nível do que é ministrado nas escolas regulares, daí a necessidade dos abomináveis "cursinhos".


MAS isso também acontece no Japão. As crianças são pressionadas desde cedo, para uma competição desenfreada. As aulas particulares são estimuladas desde os seis anos de idade, o que é um exagero. Tudo porque os pais entendem ser essencial entrar numa universidade de prestígio, pois é isso que leva à segurança de um bom emprego numa grande empresa, num banco ou num órgão governamental. O futuro sorrirá para os mais competentes.


EM consequência, cresce o número dos suicídios entre os jovens. Restringe-se a criatividade e políticos consagrados pedem que se reforme o ensino, para que se tenha "um povo bondoso, patriótico e ao mesmo tempo internacionalista, que servirá adequadamente o país". A violência vivida nas escolas japonesas, além da concorrência exagerada, poderá ter raízes na perda dos valores tradicionais, como a obediência e respeito a pais e professores.


A rigidez do currículo levou a isso, sendo necessária uma adaptação em regra aos novos tempos, até mesmo para enfrentar os grandes impasses científicos e tecnológicos. O Japão questiona, pois, o seu modelo educacional. Enquanto isso, no Brasil, os Ministros da Educação saem felizes do Governo porque deram merenda às crianças carentes.



um natural interesse em modificar a sistemática dos exames de habilitação no Brasil. Trata-se de um modelo cansado, velho, que se prestou também para enriquecer muitos falsos educadores com a proliferação dos condenáveis cursinhos. Mas é preciso trocar de modelo por algo que venha efetivamente a funcionar, sendo notável a idéia de valorizar a educação média.


OS exames parcelados, a cada ano, somando resultados para uma avaliação final parece-nos o que de melhor foi sugerido, dividindo com mais inteligência o esforço dos alunos, além de obrigar as escolas a uma distribuição mais adequada da carga de conhecimentos a ser exigida dos que a ela têm acesso.


O assunto é muito rico, instigante, e ainda será objeto de muita discussão pelas "autoridades educacionais"do país.



(*) é professor universitário, jornalista e doutor em Comunicação.

marcos brunini maio III







O PARADOXO DA POLIGAMIA II:






POR QUE A MAIORIA DAS MULHERES SE BENEFICIA COM A POLIGAMIA



E A MAIORIA DOS HOMENS COM A MONOGAMIA [1]




por Satoshi Kanazawa[2], 21/02/2008.







Contrariando a crença popular, a maioria das mulheres tira proveito da sociedade polígama, e a maioria dos homens tira proveito da sociedade monógama. Isto porque a sociedade polígama permite que algumas mulheres compartilhem de um mesmo homem rico e com status elevado. George Bernard Shaw (um dos fundadores da London School of Economics and Political Science, onde eu leciono) colocou isso melhor quando afirmou que “o instinto materno conduz a mulher a preferir a décima parte de um homem de primeira classe à possessão exclusiva de um de terceira”.

Ou, como o comediante Bill Maher perguntou aos convidados em seu programa de TV Politically Incorrect [Politicamente Incorreto], em sete de janeiro de 1998, “você preferia ser a segunda ou terceira esposa do Mel Gibson ou a única esposa de Willard Scott?”, ao que uma das convidadas, a comentarista e ativista conservadora Susan Carpenter McMillan respondeu, “se fosse o Mel Gibson eu não me importaria em ser a número um, dois ou três”. Naturalmente isto há alguns anos, quando Gibson era altamente desejável. Substitua Mel Gibson por Matt Damon. O rol de características eleitas muda em uma década, mas o princípio permanece o mesmo.


Ao contrário, a maioria dos homens tira proveito da sociedade monogâmica. Dada uma relação de 50% de homens para 50% de mulheres, a sociedade monogâmica garante virtualmente uma esposa para cada homem, mesmo para um de terceira classe. Sob a poligamia, alguns homens de terceira podem não encontrar uma esposa, ou, mesmo se tiverem sorte o bastante para encontrar uma, sua esposa não será tão desejável como a que podem assegurar para si sob a monogamia, porque sob a poligamia as mulheres mais desejáveis se tornariam a segunda, terceira, ou décima esposa de homens mais desejáveis.

As exceções a esta regra são as mulheres altamente desejáveis, que tiram proveito da sociedade monogâmica, e os homens altamente desejáveis, que tiram proveito da sociedade polígama. Uma mulher altamente desejável pode casar com um homem altamente desejável sob quaisquer circunstâncias, mas sob a poligamia teria que compartilhar seu marido desejável com outras mulheres, enquanto que sob a monogamia pode monopolizá-lo. Um homem altamente desejável pode ter múltiplas esposas sob a poligamia, mas deve restringir-se a somente uma esposa (embora altamente desejável) sob a monogamia.

É da natureza da distribuição estatística (“curva normal/de sino"), entretanto, o fato de que a maioria das pessoas não está nos extremos de cada lado; por exemplo, a maioria das pessoas não é extremamente alta ou extremamente baixa, mas está perto de uma altura média. Do mesmo modo, a maioria dos homens e das mulheres não é nem extremamente desejável nem extremamente indesejável. Assim a maioria dos homens beneficia-se sob a monogamia, e a maioria das mulheres beneficia-se sob a poligamia.

Quando os homens imaginam o que é viver em uma sociedade polígama, imaginam-se casados com várias esposas. O que não percebem, entretanto, é que, mais do que provavelmente, seriam deixados sem nenhuma esposa em uma sociedade polígama. A união polígama numa sociedade polígama é sempre limitada a uma minoria de homens. Se metade dos homens tem duas esposas cada um, então a outra metade não pode ter nenhuma esposa. Se ¼ dos homens têm quatro esposas cada um, então os outros ¾ não podem ter nenhuma esposa. Quando as mulheres imaginam o que poderia ser viver em uma sociedade polígama, imaginam-se tendo que compartilhar seu marido atual com outras mulheres. O que não percebem é que poderiam compartilhar Matt Damon ou Bill Gates com outras mulheres.

Quando começamos a olhar as coisas através das lentes da psicologia e da biologia evolucionistas, elas começam a parecerem bastante diferentes. Algo que antes pensávamos ser completamente bizarro e moralmente errado, como a poligamia, começa a parecer bastante natural e comum. Igualmente, a nova perspectiva nos dá um insight de como as mulheres, e não os homens, em sua maioria, se beneficiam em sociedades polígamas.




Pesquisa e tradução: Marcos Brunini (marcosbrunini@yahoo.com.br).
São Paulo – SP, março de 2009.




[1]The paradox of polygamy II: Why most women benefit from polygamy and most men benefit from monogamy, disponível em http://blogs.psychologytoday.com/blog/the-scientific-fundamentalist/200802/the-paradox-polygamy-ii-why-most-women-benefit-polygamy-an, acessado em 20/02/2009.

[2] Satoshi Kanazawa, psicólogo evolucionista na London School of Economics and Political Science e coautor (com Alan S. Miller) de Por Que Homens Jogam e Mulheres·Compram Sapatos - Como A Evolução Molda Nosso Comportamento. Rio de Janeiro: Prestigio Editorial. 2007.

domingo, 17 de maio de 2009

cuentos


TODO BIEN*

por ronaldo duran**


El teléfono y la campanilla sonaron juntos. Que tormento. El papá tuvo que levantar las nadegas de la confortable cama. Tenia que atender el llamado, era el único que estaba en la casa. Iba arrastrando el cuerpo adolorido por la gripe que pego en los últimos días. En la campanilla, la hija que llegaba de las facultad. Faltaban veinte minutos para las veintitrés horas. La mamá, profesora estadual, aparecía invariablemente treinta minutos después. En el teléfono, que el techo cayera encima de el, pidió, que no fuera el novio apresadito.


Resabiado con la barrida que había sufrido ayer, el papá, al abrir la puerta, enseguida se puso en un lugar seguro. Igual a un tren bala, la hija rompió en disparada, rumbo a la copa, donde el teléfono paro de molestar hace poco tiempo. Ella rápidamente llamaría a Ángelo Guimaraes, el novio, y le contaría los detalles de su clase, de la ida y de la vuelta, y una serie de otras frases.
Estaba volviéndose rutina, murmuraba consigo mismo el papá celoso. Dio la espalda. Cerró la puerta, dando media vuelta para volver a la habitación.


Pasando por la copa, comino obligatorio, ni tuvo coraje de llamar la atención de la hija, por cualquier problema trivial. ¿Para que? Ella fingiría que no escucho, para no tener que responder. Nada de competencia en el momento en que los tórtolos se hablaban antes de ir a dormir.


Una pareja de jóvenes enamorados. Historia común. La pasión que hay y deja bobo a quien en ella esta entrando, Y que irrita a los espectadores.


Kelly Renata había tenido varios novios. Si no se desvirgino antes fue por culpa de la mamá. La Sra. Maria Antonia vivía asustando con los contras, destaque para el embarazo no deseado. El costo de vida en Recife estaba por la hora de muerte. Imagina cargar un hijo, sin estar formado, sin casa y empleo. Desespero de la clase media.


Pastilla y preservativo daban un sentido pervertido. La primera vez, vía de regla, viene embalada en sueños románticos, como cuento de hada. ¿Que cosa menos romántica que la mujer esperar que la pareja vista la camisa de Venus? ¿Y si el miembro hace birra, encrenca a la hora de entrar, y cuando entra, machuca, mucha? Traumas así puede detonar la seguridad de la pareja.


Kelly, después de tres meses de noviazgo, enfrento la madre, y sus propios miedos. Se entrego a Ángelo. Estimulando la eterna complicidad entre madre e hija, días más tarde contó lo sucedido.
Atormentada fase a los elogios del novio, medio desilusionado por la exclusividad que la hija colocaba en Ángelo, la madre murmuro:


_ En el comienzo es así; todo bien. Después...


_ Con él es diferente. Nos amamos de verdad.


_ Ya se...


El tono de ironía a veces llegaba a expulsar Kelly Renata de la presencia de la madre. ¿A quien le gusta negar las bases en que creer? Juraba que el amor que sentía era verdadero, sin igual.
Renata instintivamente estaba correcta. No hay amores iguales. El actual es más importante. Se debe creer que durara un buen tiempo, quien sabe para siempre. Lo contrario sería absurdo. Si la persona tiene fe por diferencia tiene lo anterior, la pasión es inconcebible. Nos enamoramos por alguien que parecía único, especial o raro.


Esto no impide que la persona se enamore una vez más. De este modo, la madre también tiene su razón cuando juzga el sentimiento original de la hija como repetición.


Marcos, Diogo, Mauro, Guillermo y el anterior, Carlos, considerados novios, y no apenas casos, moda de la juventud de los años noventa.


Después de Guillermo, poco más viejo, Kelly Renata Mitra embarco en la onda de los novios más jóvenes. Inclusive Carlos con dos años más joven. Ella con dieciséis, él con catorce.


Los novios Vivian en la habitación. Algunas veces dormían en la casa de ella, otras en la casa de él. Los padres tenían que mantener los ojos bien abiertos. La joven heroicamente lucho contra los ataques del chico, y de su propio interior femenino, para conservar la virginidad en los calurosos encuentros. Se quedaban juntos cuando el padre de Carlos, dueño de una carnicería, no pedía la presencia del hijo para ayudarlo.


Los exs tenian teléfonos, por eso los padres se acomodaban con el nuevo habito implantado. Ángelo, un año más joven que ella, estudiante, sin tener teléfono y casi nunca tarjeta telefónica, llama a cobrar de un teléfono público en la esquina de su casa. El teléfono toca. Cuando es atendido, la llamada cae. Señal para ella llamarlo al teléfono publico. La llamada obviamente sale más barata. Allí, proseguían boberías a rollo, perdón, asuntos esenciales para calentar noviazgo vía Embratel.


Cabia a los padres tener paciencia.


A parte de las llamadas, algo más asustaría. Los agarros de Kelly Renata y Ángelo a dos cuadras de casa, de frente al portón de los vecinos. Uno de ellos, un jubilado, disfrutado la escena, no perdió la chance de llamar la atención de la Sra. Mitra.


Se rozaban y se besaban sentados en la calzada. Ambos con el uniforme del supermercado en que trabajaban.


En seguida, vendría la fase de las salidas prolongadas en los fines de semana. Pasaban uno en la compañía del otro todos los sábados o domingos o los dos días juntos. Iba a la casa de los padres de él. Raramente se acordaba para llamar a los padres.


La Sra. Mitra es a quien no le gusto nada la ausencia.


Los padres justificaban sus voluntades. De acuerdo con la época de los apelos serian más tiránicos los domocrativos. Gracias a la violencia que hay en las ciudades brasileras, la madre tuvo más cuerdas para atajar a la hija un poco más en las casa.


_ Pero mamá..., estaba poco dispuesta a soportar consejos.


El destino dio una ayudita a la Sra. Mitra. Un intento de asalto serviria para amedrentarla. Kelly Renata venia del Shopping con una bolsa. Dos jovencitas mal encaradas la seguían hasta pocas cuadras de su casa. En un trecho, la intimidaron a pasar la bolsa. Hizo alguna cosa para enrolar las malandras, y salir en disparada.


_ Trabaje mucho para comprar este conjunto, afobada, Kelly justificaría la fuga, arriesgándose ella misma.


_ ¡Loca!, exclamo la madre, medio desesperada, temiendo lo peor.


La historia no pararía solamente en el intento. Las dos golpea bolsas, en el momento en que Mitra salio corriendo, fueron atrás. Antes de alcanzar el portón de las casa, ellas les pondrían las manos. La forma fue entrar en la tienda de bijuterias de Marisa, una vieja conocida. Las dos chicas, de afuera, ladraban, esperando que la oveja ahuyentada saliera de la toca.


Pidió ayuda a la dueña de la tienda. Marisa enfrento a los dos asaltantes. Kelly finalmente corrió a su casa. Las chicas todavía esparcían su veneno en las redondezas, jurando que eso no se quedaría así, si se encontraran con la flacucha de bobera en la calle.


La madre consiguió avisar a la hija de llegar más temprano de la casa del novio.


¿Victoria materna? Ni tanto. Surgía la segunda fase: la época de Ángelo frecuentar más la casa. Si la montaña no va a Mahoma, Mahoma va a la montaña. Peor era dejar a la pobre expuesta al peligro.


El piso del baño es el único local en que los tórtolas todavía no se despojaban, a fin de darse cariñitos. En la cocina, en la copa, en la red de la baranda, en los sofás de la sala de visita o en la de ver televisión, en la habitación del hermano. Ningún lugar escapaba. Hubo una única vez en que la Sra. Mitra los sorprendió en su cama matrimonial, viendo la televisión. Educadamente corrió con ellos de ahí, y hasta hoy el caso no se repitió.


Si ya cansaba ver la escena en las tardecitas o en los fines de semana, imagina cuando la joven pareja dejara el empleo en el supermercado, alegando la razón de los sin razón.


Del supermercado Farol de la Barra llevarían un único recuerdo: el de conocerse.


Kelly Renata, dos meses trabajando en el supermercado como caja, echo el ojo encima de Ángelo, el repositor recién contratado. Agradándole lo que vio, pues llenaba su ideal de belleza, partió para la conquista. A parte del trivial, como fidelidad y el de amor (especia de arroz y poroto del relacionamiento monogámico), cada mujer exige que la pareja exhiba algo de especial. Algunas, el dinero, la riqueza. Otras, el conocimiento, la buena labia. Otras todavía, el bello porte físico. Kelly se queda con la tercera opción.


Hay una razón para que ella tenga resolvido acelerar la conquista. Guillermo, el bobón, había pedido un tiempo para pensar. Y la vivía evitando. Es ser humano, necesitaba alimentar la autoestima. “Si no me quiere, a quien quería”, se descargo.


Emitió unas señales al joven, mostrando que estaba a fin de una aproximación. Solito en la época, con un joven tímido e inexperimente, Ángelo comenzó a rodear a la chica.
Dio resultado la invitación de él para el patio de comidas. El noviazgo tuvo inicio.


Meses después, alegando implicancia de la supervisora, pedirían la cuenta. Tiraron al aire los derechos de más de un año de trabajo registrado.


_ Santa burrada, exclamo la madre.


No era por la falta que haría el dinero, no precisaba del dinero de los hijos. Lo que ganan, gastan con ellos mismos. La inconsecuencia en la actitud es lo que la irrito, a parte de saber que aumentarían las horas ociosas.


Suerte que Kelly Renata, concluyendo el colegio, paso el examen de ingreso para Química, área en que la madre daba aula.


La pareja sigue cada vez más unido. Amor y piraza dan la dosis correcta para un relacionamiento duradero. Amor reforzado en el acto que en la compañía uno del otro descubrirían el sexo por la primera vez.


La piraza es más difícil para explicar. Se tradujo en resistencia al ojo gordo de la madre, del padre, del hermano, y de quien más diga que todo no pasa del fuego de paja, que día menos día acaba.


Cierto día, la madre, ya con la paciencia al Máximo de los abrazos y besos infinitos durante tardes enteras, se indigno.


_ Tiempo no tiene para lavar los platos... Se te va a caer el brazo. Ahora para quedarse ahí agarrandose, tiene de sobra.


El otro día, en plena hora del almuerzo, molesta por las palabras atravesadas de la hija sentencio.


_ Quiero ver hasta cuando va este noviazgo, dijo la madre.


_ Nosotros nos amamos, retruco la hija.


_ Ya escuche esta historia en el tiempo de Guillermo, de Carlos...


_ Hoy estas insoportable...


El hambre cesaría. El almuerzo sería interrumpido. Revolteada, la chica iría para la casa del novio.


Continúa la conversación kilométrica en el teléfono.


De vuelta a la cama, liada en los cobertores, el padre filosofa con las paredes: “El novio es un intruso. Arranca, con o sin consentimiento, la hija que llevamos años para criar. A veces devuelve solo la cascara, a veces, realmente dan resultado, nace una familia. Es el juego de la vida”.


* Del original portugués "Tudo Bem', traducido por Carlos Vargas, maestro paraguayo.


** Escritor, Colabora en periodicos brasileños toda semana. www.ronaldoduran.com

short story


ALL IS WELL*

by ronaldo duran**

The telephone and the doorbell both ringing at the same time. What a pain! The father had to haul his butt out of his comfortable bed. He had to answer both of them, because he was the only one at home. He got up, dragging his body that was weakened by a flu he'd caught a few days ago. The doorbell was his daughter, home from college. It was 10:45 p.m.


The mother, a teacher in the public school system, invariably turned up thirty minutes later. The telephone – I'll eat my socks if it isn't the boyfriend in a big rush.


Wincing from the jostling he'd gotten yesterday, the father steps aside when he opens the door.

His daughter, like a bullet train, shoots towards the kitchen, where the telephone had just stopped ringing. Right away she rings up Ângelo Guimarães, the boyfriend, to tell him the details about her class, her comings and goings, and a lot of other tiresome drivel.


It was becoming a routine, the jealous father growled to himself. He turned his back. Closing the door, headed back to his room.


He had to go through the kitchen to get there, but he didn't dare attract his daughter's attention for whatever trivial reason. Why bother? She would pretend not to hear him so she wouldn't have to answer. He couldn't compete while the two lovebirds were talking before saying goodnight.


A couple of young lovers. The same old story. Passion that strikes and makes a fool of whoever falls into it and annoys those who know better.


Kelly Renata had had several boyfriends. If she hadn't slept with them it was her mother’s doing. Maria Antônia lived in fear of the risks, especially an unwanted pregnancy. The cost of living in Recife was terrible. Imagine carrying a child, without graduating from college, homeless and unemployed. It was the dread of the middle class.


The pill and condom lent a sense of perversion to the whole thing. The first sexual experience always comes wrapped in romantic dreams, like a fairytale. What could be less romantic than a woman waiting for her partner to put on a condom? And what if his member is stubborn and he has trouble getting it in, and then when he does it either hurts her or goes flaccid? Trauma like that can destroy a couple’s faith.


Kelly, after three months of dating, confronted her mother’s fears, and her own. She had given herself to Angelo. Wanting to feel that eternal empathy between mother and daughter, days later she told her what had happened.


Stunned by her daughter's endless praise of the boyfriend, and a bit hurt by all the attention she was giving to Angelo, the mother muttered,


_ All right, maybe it's like that at first. But later on...


_ With him it's different, Mom. We really love each other.


_ I know…


Her ironic tone sometimes pushed Kelly Renata away from her mother. After all, who likes to have what they believe in denied? She was sure that the love she felt was real, unequalled.
Renata's instincts were right. There are no equal loves. The one happening now is the most important one. You have to believe that it will last for a long time, perhaps forever. To believe otherwise would be foolish. If a person believes that it's no different from the last one, then passion is inconceivable. We fall in love with someone who seems unique, special and rare.
But this doesn't stop a person from falling in love more than once. So then the mother was also right when she said her daughter’s new feelings were a repetition.


Marcos, Diogo, Mauro, Guilherme and the one before, Carlos, considered boyfriends and not just playthings – the fashion of 1990’s youth.


After Guilherme, who was a bit older, Kelly Renata Mitra started going after younger boyfriends. Carlos was two years younger – she was sixteen, and he fourteen.


The young lovers spent all their time in their bedrooms. Sleeping over at his house or hers. Their parents had to keep an eye on them. The young girl fought heroically against the boy's advances, and against her own female instincts, to keep her virginity intact during the sizzling encounters. They'd get together when Carlos’ father, a butcher, didn't need his son to help him.


The exes all had telephones, and the parents were annoyed by this new habit. Angelo, a high school student a year younger than Kelly, didn't have a phone and hardly ever a phone card, so he'd call her collect from the payphone on the corner near his house. The telephone would ring. As soon as she picks it up, the line goes dead. This is the signal for her to call the payphone. Of course the calls were cheaper than calling long distance. And so on they went, talking endless nonsense, sorry....about important things to fire up their relationship via Embratel, the local phone company.


The parents had to be patient.


Besides the phone calls, there was something else that was more disturbing. Kelly Renata and Angelo's embraces, two blocks from home, in front of their neighbors' doors. One of them, a retired man, offended by the scene, couldn't wait to tell Mrs. Mitra. They were touching and kissing each other, sitting on the sidewalk, both dressed in the uniforms from the supermarket where they worked.


Next came the phase of long nights out on the weekend. They'd spend all day Saturday or Sunday with each other, and sometimes both days. They would go to his parent’s house, and rarely remembered to phone her parents.


Mrs. Mitra didn't appreciate these absences at all.


The parents justified their concerns. Depending on when it was, their warnings were more or less tyrannical or democratic. Thanks to the violence that stalks Brazilian cities, the mother had an excuse to keep her daughter at home more.


_ But Mom...., Kelly would say, not willing to follow her advice.


Then destiny gave Mrs. Mitra a little helping hand. An attempted robbery had frightened the girl. Kelly Renata was coming home from the mall with a shopping bag. A couple of mean looking girls followed her up to a few blocks from her house. They went up to her and told her to hand over the bag. She managed to trick them and ran for it.


_ I worked hard to buy that outfit, she said to justify her escape, even though she'd risked her own skin.


_ You crazy girl!, the mother yelled, scared half to death, fearing the worst.


But that wasn't the end of the story. The two bag thieves, when Kelly ran off, went after her. Before she could reach the gate to her building, they tried to grab her. But she pulled away and ran into her friend Marisa's trinket shop. The two girls stood on the sidewalk jeering, waiting for the scaredy cat to come outside.


She asked the shop owner for help. Marisa went out and faced the two robbers down. Finally, Kelly ran home. But the two girls still spread their poison around the neighborhood, swearing that they'd get even if they ever ran into that skinny bones hanging around the street again.
The mother managed to persuade her daughter to come home earlier from her visits to her boyfriend’s house.


A maternal victory? Not really. Then the second phase began: time for Angelo to spend more time at Kelly's house. If the mountain won't come to Muhammad, Muhammad goes to the mountain. It would have been worse to expose the poor girl to danger.


The bathroom floor is the only place the two lovebirds didn't go to make out. In the kitchen, in the pantry, on the porch hammock, on the living room or den sofas, in her brother’s bedroom, in her own room – no place was safe. There was only one time when Mrs. Mitra caught them on her own double bed, watching TV. As politely as possible, she ran them out of there, and so far it hadn't happened again.


As if it wasn't tiring enough watching these scenes every evening and on the weekends, imagine when the teenage couple quit their jobs at the supermarket after giving some lame excuse.
There was only one thing they'd miss about the Farol da Barra supermarket: it was the place where they'd met. After two months of working at the supermarket as a cashier, Angelo, the recently hired stock boy, caught Kelly Renata's eye. Liking what she saw, since he was her ideal as far as looks were concerned, she went after him.


Beyond trivial concerns such as fidelity and love (the meat and potatoes for a monogamous relationship), each woman demands that her partner have something special. For some, it’s money, wealth. For others, it’s knowledge, being well-spoken. For still others, it’s physical beauty. For Kelly, it was the latter.


There was a reason she'd decided to speed up her conquest. At the time, she'd been with Guilherme, the big fool, and he'd had asked for some time to think things over. And he'd been avoiding her. Well, she's human, she needed to bolster her self-esteem. “If he doesn’t want me, there's someone else who does,” she blurted out.


She sent the young man signals, showing she was interested in getting to know him. Alone at the time, a shy, inexperienced boy, Angelo started hanging around her. Inviting her to join him at the food court in the mall worked. It was the beginning of their relationship.


Months later, alleging incompatibility with their supervisor, they gave their notice. They threw away their right to more than a year of registered work.


_ Such stupidity, said her angry mother.


It wasn't because of the money that would be missed; she didn’t need her children’s money. What they earned, they spent on themselves. It was their apathetic attitude which bothered her, as well as knowing that now they'd have more time on their hands.


Luckily for Kelly Renata, when she finished high school she passed her College Board exams to study chemistry, the subject her mother taught.


But the couple got closer and closer. Just enough love and spite to make for a lasting relationship. Love reinforced by the fact that together they had discovered sex for the first time. Spite is more difficult to explain. It translates into resistance to the mother’s evil eye, the father’s, the brother’s, and anyone who says that it was no more than a flash in the pan that would end any day.


One day, the mother, fed up with the endless hugs and kisses going on all afternoon, blew her top.


_ You don’t have time to do the dishes…you'd think your arm would fall off. But you have plenty of time to hang around groping each other.


Another day, right in the middle of lunch, hurt by her daughter’s harsh words, she said,
_ I want to see how far this relationship goes.


_ We’re going to get married, her daughter retorted.


_ I’ve heard that before, with Guilherme, with Carlos…


_ You’re unbearable today...


They lost their appetites. Lunch was over. In a huff, the girl ran to her boyfriend’s house.
The endless telephone conversations continued.


Back in his bed the father philosophizes to the walls.


_ The boyfriend is a intruder. With or without our consent, he takes away the daughter we spent years bringing up. Sometimes we just get the leftovers, but sometimes things actually work out, and a family comes out of it. It’s the game of life.

* Portuguese original "Tudo Bem", translated by Amercian Journalist Amy Duncan.


** Novelist, he writes chronicles to Brazilian newspapers every week. http://www.ronaldoduran.com/

marcio masella maio II


RELAÇÕES DE PODER NA ESCOLA E SEUS ALUNOS INVISÍVEIS. Parte I [1]


“ Educar para não violência implica educar não violentamente”
(Freire)


A escola está carregada de valores, tradições, expectativas, modo de ser, pensar e agir, projetos e intenções, que está sempre em ebulição e movimento. Agimos sempre de acordo com nossos valores, nossas crenças, concepções e bagagem de cultura que nos permite intervir desta ou daquela maneira no mundo. É nessa problemática que se insere as questões dos adolescentes em conflito com a lei.
A questão do jovem e sua inserção na escola é atual, polêmica, de relevância social, política e profissional, que envolve debates e ponderações.
A escola precisa avançar em suas práticas pedagógicas e preparar para cidadania de maneira critica e compromissada, nas principais questões presentes, principalmente na reinserção do adolescente infrator.
Por outro lado, há uma sociedade basicamente preocupada em manter as coisas como estão e na qual as pessoas aceitem esta ordem, uma escola inquietadora, que propicie uma tomada de consciência da realidade, não seria tolerada em seu conjunto.Seria contraditório que uma sociedade repressiva, que busca a tranqüilidade, incentivasse uma escola dinâmica, que promova a pesquisa, que inquiete.
Paulo Freire define a escola cidadã sendo aquela que se assume como centro de direitos e deveres, caracterizada por realizar uma formação para viabilizar a cidadania de quem está nela e vem a ela. É uma escola que luta para ser ela mesma, para que os educandos sejam eles mesmos e, como ninguém pode ser só, a escola cidadã é uma escola de comunidade, marcada pelo companheirismo. Em Pedagogia da Autonomia Freire ainda aponta que se percebêssemos que ensinamos justamente porque aprendemos, valorizaríamos mais as experiências informais em ambientes diversos como a rua, a praça, o pátio das escolas, em que os gestos de todos que interagem ali estão repletos de significados. Há a necessidade de aprofundar o caráter democrático por meio da construção de entendimentos diferenciados a respeito das causas e manifestações dos problemas sociais que se fazem presentes em seu cotidiano. Entendemos que o aspecto mais importante a ser considerado pela escola pública é o desafio de garantir o acesso e permanência dos adolescentes egressos, semiliberdade, e liberdade-assistida, questão esta que deve orientar o projeto político pedagógico em todas as disciplinas, seus métodos e atividades.
Lidar com essa diversidade é o desafio que está posto à comunidade educacional. E saber trabalhar este aspecto é saber falar e saber ouvir, pois a imposição ocorre justamente quando não há diálogo, quando não há escuta. Inserir este adolescente, não significa apenas colocá-lo na sala de aula, mas o ouvir, dialogar e assim respeitá-lo, criando um espaço realmente de inclusão.
O objetivo é justamente construir bases numa proposta teórico metodológica que fundamente ações pedagógicas críticas em busca de uma educação realmente libertadora.
Os efeitos da exclusão escolar são fortemente denunciados pelos pais e adolescentes como injustos, por sonegar a possibilidade aos jovens de desenvolverem a capacidade de avaliar o percurso vivido, e se engajar num determinado projeto social.
O mecanismo seletivo e excludente desses jovens verifica-se na desarticulação da escola em trabalhar com aqueles que foram já marginalizados.
Nossa sociedade vem passando por um processo de alienação que para Freire acontece justamente quando o sujeito não se coloca mais como ser histórico, apenas como ser obediente às regras e normas de outro. Essa atitude o caracteriza como oprimido. Neste processo o sujeito até percebe-se como tal, mas de maneira turva, uma vez que sucumbido pela realidade. E, ao não se colocar na construção histórica como ser atuante acaba por reforçar o poder dominante.
Esse pensar sobre o educar, em relação à sociedade, baseia-se também no pensar do filósofo argentino Enrique Dussel especialmente no seu conceito de poder obediencial. Nesse sentido, vemos a escola como uma possibilidade institucional de exercício de poder delegado.
A questão é como as escolas exercem esse poder. Dussel recupera o significado
da palavra obediência em latim para dizer o seguinte: “Escutar aquele que se
coloca adiante”, ou seja: obediência é a posição subjetiva primordial que deve
possuir o representante, o governante, que cumpre alguma função de uma instituição política.


_________________________________________________
[1] O jovem em conflito com a lei é renegado em seus direitos enquanto cidadão, e a escola só o percebe quando o mesmo aparece em conflitos no cotidiano escolar e, quando isso ocorre, a visão que se tem deste jovem é a de infrator enquanto condição de existência, dentro e fora de qualquer instituição que ele freqüente/pertença.

marcos brunini maio II


O PARADOXO DA POLIGAMINIA I: SOMOS POLÍGAMOS?[1]



por Satoshi Kanazawa[2], 17/02/2008.

RECENTEMENTE a poliginia tem estado sob o olhar público e nas conversas de cafezinho de muitos americanos, desde o sucesso da HBO, Big Love, até o julgamento do líder mórmon Warren Jeffs. A maioria dos americanos considera a união polígama exótica, incomum, estranha, e mesmo moralmente errada, daí a atração pela série Big Love ou a excitação pelo julgamento de Jeffs. Mas a poliginia não é tão exótica assim; muitos – talvez a maioria - americanos já estão em uniões polígamas.

PRIMEIRAMENTE, deixe-nos colocar as coisas em ordem: poliginia é o termo científico para a união de um homem com mais de uma mulher. A poligamia refere-se à poliginia e poliandria, esta sendo a união de uma mulher com mais de um homem. A poligamia é usada frequentemente como sinônimo de poliginia, porque há pouquíssimas sociedades poliandras no mundo.

NATURALMENTE, a poliginia simultânea, do tipo descrito em Big Love, ou a praticada por Jeffs, é ilegal em todos os 50 estados dos EUA. Entretanto, muitos americanos (e outros povos) praticam a poliginia serial, a partir de uma sequência união - divórcio - segundas núpcias. Para todas as finalidades práticas, as consequências da poliginia serial são exatamente as mesmas que aquelas da poliginia simultânea.

QUANDO um homem como Bill Henrickson -- o poliginista fictício de Big Love - tem três esposas simultaneamente, a conseqüência matemática, dada uma taxa de presença de homens e mulheres na sociedade de aproximadamente 50-50, é que ele está privando outros dois homens de suas oportunidades reprodutivas. Outros dois homens não podem ter uma esposa e crianças porque Henrickson tem três esposas. Quando Donald Trump teve três esposas sequencialmente, privou outros dois homens de suas oportunidades reprodutivas, porque quando se divorciou de suas esposas elas já tinham ultrapassado a idade reprodutiva. O preditor mais forte para as segundas núpcias após o divórcio é o gênero; os homens normalmente casam novamente, as mulheres normalmente não. Nem Ivana Trump, nem Marla Maples se casaram após terem se divorciado de Trump (embora Ivana tenha tido um breve casamento sem filhos antes de Trump).

OS casos extraconjugais são outra forma de união polígama, e homens casados têm maior probabilidade de terem casos do que mulheres casadas. Quando um homem monogamicamente casado tem duas amantes ou namoradas solteiras a conseqüência é essencialmente a mesma; ele está privando outros dois homens de suas oportunidades de sexo. Assim, todo homem que tenha se divorciado e casado novamente, toda mulher que for casada com um homem divorciado, todo homem casado que tiver caso de longo prazo, ou qualquer mulher que tenha tido caso com homem casado, todos estão praticando poliginia em algum nível, com as mesmas consequências da poliginia simultânea de Henrickson e de Jeffs.

SIMULTÂNEA ou serial, a poliginia é comum porque os seres humanos são naturalmente políginos. Os cientistas concordam que a evidência antropológica e arqueológica mostra conclusivamente que os seres humanos foram moderadamente políginos durante toda a história evolutiva. (Mas recorde o perigo da falácia naturalista, derivando implicações morais de fatos científicos. “Natural” não significa nem “bom” nem “desejável”. Também não significa “inevitável”.) Os seres humanos não são tão políginos quanto os gorilas, cujos machos silverback mantêm um harém de diversas fêmeas, mas não são estritamente monógamos como os gibões, cujos casais permanecem juntos durante toda vida. No post seguinte eu focarei a questão acerca de quem se beneficia com uma sociedade polígina: homens ou mulheres? A resposta pode surpreender.




Pesquisa e tradução: Marcos Brunini (marcosbrunini@yahoo.com.br).
São Paulo – SP, março de 2009.



[1]The paradox of polygamy I: Why most Americans are polygamous, disponível em http://blogs.psychologytoday.com/blog/the-scientific-fundamentalist/200802/the-paradox-polygamy-i-why-most-americans-are-polygamous, acessado em 20/02/2009.

[2] Satoshi Kanazawa, psicólogo evolucionista, leciona na London School of Economics and Political Science e é coautor (com Alan S. Miller) de Por Que Homens Jogam e Mulheres·Compram Sapatos - Como A Evolução Molda Nosso Comportamento. Rio de Janeiro: Prestigio Editorial. 2007.