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sábado, 9 de maio de 2009

chronicle I


C’EST JOLIE, LA SOCIOLOGUE*


by ronaldo duran**



IF I’m yawning is for heat. It may seem ill-humor of European, but is not. The phrase the heat is stiff I have listened many times in these three days in Sao Paulo. The FIRST SEMINAR ON HOMELESS CHILDREN provides an overview of the Brazilian reality. I received the invitation from one of my former graduate student and wanted to repay the kindness to have had several Brazilian students in my more than ten years as a professor at the Sorbonne. I thought about the emotion that is visiting the land of myths Florestan Fernandes and Milton Santos, too.


DEFINITELY, the heat softens me.


SUDDENLY, she stood up and walked to the audience. It was her turn to. She draws my attention from an unusual way. I have my sexual instinct but I have seldom observed the body of a female lecturer. I take my work very seriously, and I never missed the respect with women into my job. But she hugged me the soul. Perhaps it is her brown skin? Or her sensual body? Who knows the unpretentious sensuality in her speak?


MAYBE it is guilt of Jorge Amado. Six months ago, I got in reading of the ingenious Baiano, creditable spokesman for Brazilian culture, which is a lovely mixture among black, Indian, white and Asian. Would it be the personification of Gabriela Cravo Canela the girl who I see?


I try to get away of my traditional bad-humor Foucault, giving a pause for the gramscinism that dominates my thinking on normal days. The red blouse combines with the delicate shoes, a simple hairdo. It seems that the pants falls as gloves in their beautiful curves. I’d rather be positivist than negativist in front of her.


IN Brazil I was delighted. I've never considered it as a sexual tourism. On the contrary, I love those nice, warm people.


I’M feeling unfair. She is doing her best to present the scientific work, which probably took a lot of nights. And, with the little encouragement given in Brazil, it is easy to imagine how she has suffered. And I here looking at her curves. I feel dishonest. I try to divert the eyes. I try to focus on the statistical tables, on explanation accurate. I can't. My vision is dragged to her body. The situation is annoying.


SHE is the Iracema so well written by José de Alencar. C’est jolie, la sociologue. Thank you Brazil by giving this toast to the humanity: the beauty hand in hand with sociological harshness. La jeune femme, c’est une lune éclatante. Je m’écorche mon coeur. The presentation ended. I did not dare to look at in her buttocks. I would rather save the lively picture of her exposure, sitting or standing, whenever she yelled on social injustice, without smothering her being female.


* translated by American teacher from Portuguese C'est Jolie, La Sociologue.


* Novelist, he contributes with chronicles in newspapers every week. Contact: ronaldo@ronaldoduran.com

ronaldo duran*


OUVINDO A MÃE AO TELEFONE



A RELAÇÃO COM minha mãe não é das mais ideais. Nunca foi, que me lembro. Convivência tortuosa. Nada para criar um trauma, porém de certo modo impede que sejamos confidentes. Na adolescência ela cismava com tanta coisa. Chamando-me atenção por ninharia. Teve uma vez que até fugi de casa, aos 12 anos, de ela tanto falar que me daria para uma tia a quem eu me mostrava solícito.


E QUANDO A vi chorando, lá na escola, porque na escola eu não deixaria de ir ainda que estivesse fora de casa, eu fiquei sem graça. Descobri que a amava muito.




"Descobri que amava muito"



SALVO EXCEÇÕES, PERCEBO que há parentes que guardamos boa recordação por simplesmente ser pai, mãe, tio, avó, filhos, mas que quando estamos com eles, esperamos ansiosos para a conversa acabar e darmos o fora. É triste. Eu daria tudo para saber como rolar uma conversar sadia com minha mãe. Da minha parte, creio que me esforço.


NA FALA DELA, a situação está eternamente ruim. Perdeu o emprego mais uma vez? O marido está se afastando, ausente, deixando de ser o que era quando se conheceram? Um dos filhos não liga para ela? Queria reformar a casa? Queria mudar de endereço? Uma das noras está fazendo a cabeça do filho para não levar em conta o que ela diz?


TEM DIA QUE pego o telefone e prometo que a ouvirei incondicionalmente. Não esquentarei. Serei um bom confidente. Passados os primeiros cinco minutos, vai me dando um incômodo. Quando noto, estou ansioso para desligar o telefone.


NEM OS MEUS alunos de 5a. série me deixam tão esgotado. Talvez por que em sala de aula sabemos que é trabalho e que, ao contrário do que deveria significar a figura do professor, hoje respeito é raro. Em casa, com os familiares nos cobramos mais. É com eles que dividimos os melhores e piores momentos. Quando essas referências nos causam dor ao ouvido no simples abrir da boca? Ficamos chateados, como se a falta unicamente fosse nossa.


TERAPIA PARA NOS conhecer melhor? Sim, até que eu arriscaria, caso meu orçamento não fosse tão apertado. Claro, não esperaria milagre das palavras de um terapeuta. Acredito que a situação de árbitro nos ajudaria a tocar em questões espinhosas. Ele nos guiaria.


HÁ LEITURAS MARAVILHOSAS. Vou me apropriar de uma delas na busca de tornar o contato com minha mãe menos tedioso. Ora, eu a amo apesar da chatice que é ouvir suas lamúrias ao telefone ou pessoalmente. Preciso achar um meio de transpor esta dificuldade.


* Romancista, colabora com crônicas em jornais. Contato ronaldo@ronaldoduran.com

mario pereira*



MINUTO SAÚDE








POR QUE AS CRIANÇAS PRECISAM DE EDUCAÇÃO FÍSICA?






por mario luiz da silva pereira



A educação física é uma parte integrante do total da educação de cada criança. Para se ter uma Educação Física de qualidade são necessários programas para aumentar a performance, a saúde relacionada com, a auto-responsabilidade e prazer da atividade física para todos os alunos para que eles possam ser fisicamente ativos para uma vida saudável. Programas de educação física só podem fornecer estes benefícios, se forem bem planejadas e bem executadas.


MELHORIA DA APTIDÃO FÍSICA


Melhora da infância e da força muscular, flexibilidade, resistência muscular, composição corporal e resistência cardiovascular.



HABILIDADE DE DESENVOLVIMENTO


Desenvolve as habilidades motoras, que permitem sucesso e satisfação participação em diferentes atividades.


O APOIO DE OUTRAS ÁREAS DISCIPLINARES


Reforça o conhecimento aprendido em todo o currículo Escolar. Serve como um laboratório para a aplicação de conteúdos de ciência, matemática e estudos sociais, ou seja, trabalha a interdisciplinaridade como nenhuma outra matéria.

AUTO-DISCIPLINA E JOGOS COOPERATIVOS


Facilita desenvolvimento do aluno a responsabilidade pela saúde, respeito ao outro, a regras e aprender a JOGAR COM O OUTRO E NÃO CONTRA O OUTRO.


REFORÇADAS AS RELAÇÕES ENTRE PARES


A educação física pode ser uma força importante em ajudar as crianças a conviver com outras pessoas com sucesso e proporciona oportunidades de aprender habilidades pessoais positivas. Especialmente durante a adolescência, sendo capaz de participar nas danças, jogos e desporto.


MELHORIA DA AUTO-CONFIANÇA E AUTO-ESTIMA


A educação física um forte senso de auto-estima em crianças com base em seu domínio de competências e conceitos de atividade física. Eles podem tornar-se mais confiante, independente e autocontrolada.

Assim sendo, procure se informar com o Professor de Educação Física da Escola de seus filhos, de como esta sendo planejada as aulas, pois os frutos dessa prática não tem contra-indicações.


*Graduado em Educaçao Física e educador.


zapsportes@gmail.com

nelson valente*

A PEDAGOGIA BRASILEIRA

por nelson valente

O BRASIL NÃO tem uma Pedagogia. Tem várias, sobrepostas, muitas vezes sem conexão umas com as outras. A história da Pedagogia brasileira é uma espécie de colagem de modelos importados, que resulta em um quadro sem seqüência bem definida.Não existe uma pedagogia “pura”, ou seja” sem influência de outras pedagogias ou do contexto social em que se desenvolve.Última moda é o Construtivismo, que nem é método pedagógico, mas sim um conjunto de teorias psicológicas sobre as estratégias utilizadas pelo ser humano para construir o seu conhecimento.

O QUE É CONSTRUTIVISMO?

MAIS DO QUE uma Pedagogia, é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do indivíduo no decorrer de sua vida.Surgiu a partir do trabalho do pesquisador suíço Jean Piaget (1896-1980), que mostrou que o ser humano é ativo na construção de seu conhecimento (daí o termo construtivismo) e não uma “massa disforme”, que é moldada pelo professor.No Brasil essa teoria é também muito influenciada pela argentina Emília Ferreiro (que estudou como as crianças constróem o conhecimento da leitura e escrita) e do russo L.S.vygotsky (que ressalta a influência dos outros e da cultura no processo de construção do conhecimento). Essas teorias mais recentes costumam ser agrupadas sob a denominação Construtivismo pós-piagetiano.Derruba a noção clássica do erro, pois demonstra que a criança formula hipóteses sobre o objeto de conhecimento e vai “ajustando” essas hipóteses durante a aprendizagem – e portanto, o erro é inerente a esse processo. No Brasil, o termo é muitas vezes usado de forma incorreta. Pedagogia Tradicional É uma proposta de educação centrada no professor, cuja função se define com a de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria. MetodologiaConteúdos expostos de forma oral e, em seqüência pré-determinada e fixa.Enfatiza-se a necessidade de exercícios repetidos para garantir a memorização dos conteúdos. (Grande) Aprendizagem de grande quantidade de conteúdos. O qual é chamado de “enciclopedismo”. ProfessorAutoridade máxima, o guia do processo educativo, que organiza os conteúdos e as estratégias de ensino. Na sala de aula, tende a ficar de frente, falando para alunos sentados em filas.


PEDAGOGIA RENOVADA

SURGE NO FINAL do século na Europa e nos EUA, em oposição à pedagogia tradicional. No Brasil estabelece-se a partir da década de 1920 e principalmente, de 30. Apesar de envolver várias correntes, a chamada Escola Nova se caracteriza por colocar o Aluno no centro da atividade escolar (e não o professor, nem o conteúdo). MetodologiaDestaca o princípio da aprendizagem por descoberta e estabelece que essa aprendizagem deve partir do interesse e da atividade de experimentação dos alunos. No extremo, pode moldar toda a atividade da escola em torno da vontade do aluno, e perder de vista o papel de transmissão de conhecimento – o que caracterizou as chamadas “escolas alternativas” no Brasil, nos anos 70 e 80. O professorÉ visto como facilitador no processo de busca do conhecimento pelo aluno; organiza e coordena situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos. Na sala de aula, tende a ficar circulando entre grupos de alunos que trabalham independentemente.


PEDAGOGIA TECNICISTA

PROLIFEROU NO BRASIL Brasil nos anos 60 e 70, inspirada nas teorias behavioristas de aprendizagem. A idéia é que, a partir do conhecimento da forma como o ser humano aprende, é possível desenvolver técnicas para o ensino de cada conteúdo. É com esse tipo de pensamento que ganha destaque, por exemplo, o uso de Cartilhas na alfabetização. MetodologiaEnvolve o que costuma se denominar “tecnologia programada de ensino”. A aprendizagem de um determinado conteúdo passa por uma seqüência rigidamente pré-programada de atividades oferecidas pelo professor e realizadas mecanicamente pelo aluno. O professorÉ um especialista na aplicação de manuais que estabelecem o programa de aprendizagem do aluno. Deve auxiliar os alunos a executarem as tarefas pré-concebidas.

PEDAGOGIA SOCIAL E POLÍTICA

É MARCADA PRINCIPALMENTE por preocupações sociais e políticas, de origem marxista. Aparece no Brasil no final da década de 50 e início dos anos 60, relacionada aos movimentos de Educação Popular. Fica suspensa a partir de 1964, pelo regime militar, e é retomada no final dos 70 e início dos 80.MetodologiaPode-se dividir essa abordagem em “pedagogia libertadora” e “pedagogia crítico-social dos conteúdos”. Na primeira, a atividade escolar pauta-se basicamente em discussões de temas sociais e políticos e de ações possíveis sobre a realidade social imediata. Na segunda, retoma-se a importância dos conteúdos, cujo conhecimento é importante para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe.


O PROFESSOR

É UM COORDENADOR de atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.

* Professor universitário, jornalista e doutor em Comunicação.
nelsonvalenti@hotmail.com

marcio masella*


PEDAGOGIA POLÍTICA



RELAÇÕES DE PODER NA ESCOLA E SEUS ALUNOS INVISÍVEIS. Parte I


por marcio alexandre masella




O jovem em conflito com a lei é renegado em seus direitos enquanto cidadão, e a escola só o percebe quando o mesmo aparece em conflitos no cotidiano escolar e, quando isso ocorre, a visão que se tem deste jovem é a de infrator enquanto condição de existência, dentro e fora de qualquer instituição que ele freqüente/pertença.


O trabalho educativo, em suas múltiplas formas, deve sempre estar pautado na esperança. E esta no sentido do verbo esperançar, ou seja, tornar possível o desejo de uma educação realmente inclusiva e abrangente.


Uma educação que tenha como prioridade a formação integral do aluno e seu desenvolvimento. Por isso, este artigo aborda a temática do adolescente em conflito com a lei e o papel da escola.


Trata-se de uma pesquisa teórica que faz parte de um projeto de Dissertação de Mestrado pela PUC-SP e apresenta, com o auxílio de alguns teóricos, nossa concepção frente a esta questão. O objetivo do presente artigo é discutir como a escola pode e deve garantir o acesso e a permanência deste jovem, articulando um real processo de inclusão.




The educative work, in its multiple configuration, should always be based in hope. And this is about to make possible the desire of a real inclusion, comprehensive and wide education.


An education that has as priority the integral formation of students as well as their development.


For that reason, this article approaches the matters of adolescents in a law conflicts. It is related to a theorical research that is concerned to a Master Degree Dissertation of PUC-SP and presents, with support of some theorists, our conception regarding to that question. The target of this article is to discuss how the school should guarantee the access and the remaining of those adolescents, articulating a real process of inclusion.



* mestrando em Educação pela Puc-SP.

marcos brunini*


POR QUE QUASE TODOS OS CRIMINOSOS SÃO HOMENS? Parte IV[1]


O PODER DA IMAGINAÇÃO PSICOLÓGICA EVOLUTIVA.


par Satoshi Kanazawa[2]


Em meu último post apresento a teoria “ficar viva” de Campbell sobre a criminalidade feminina. A teoria, entre outras coisas, afirma que as mulheres roubam menos e em menor frequência do que os homens porque elas roubam somente o que precisam para sobreviver, ao passo que homens roubam em parte para se exibirem e impressionarem as mulheres com o acréscimo em seus recursos. Algo que me aconteceu há cinco anos ilustra perfeitamente este ponto.

Mudei-me para a London School of Economics and Political Science (LSE) em julho de 2003. Com um mês em Londres, alguém assaltou meu escritório e levou dois cheques em branco, retirando cuidadosamente folhas não consecutivas do meio do talão novo de cheques. Quando soube do banco que os dois cheques tinham sido descontados, ambos no valor de £700, 00, eu fiz a predição - estatisticamente muito pouco provável de ser verdadeira - de que o ladrão deveria ter sido uma mulher. De acordo com as estatísticas da Interpol, 96% de todos os ladrões da Inglaterra e do País de Gales, em 1990, eram homens, assim é estatisticamente muito improvável que um ladrão em Londres seja mulher.

Ao se desvendar a ocorrência, entretanto, foram duas mulheres que roubaram meus cheques. O banco me informou seus nomes completos: as ladras descontaram os cheques revelando seus nomes reais, talvez ilustrando também uma outra conclusão consistente da criminologia, de que os criminosos são menos inteligentes do que a população em geral. (Em sua defesa, entretanto, eu devo observar que as ladras foram forçadas pelas insanas leis de operação bancária britânicas, as quais não permitem o desconto de cheques no caixa; todos os cheques dentro do Reino Unido devem ser depositados diretamente em contas bancárias. Por isso elas não poderiam ter sacado dinheiro no caixa com meus cheques).

Tendo lido o trabalho de Campbell antes deste incidente, foi imediatamente óbvio para mim que os ladrões fossem mulheres, porque me pareceu que £700,00 era dinheiro de aluguel, não o tipo de dinheiro para se exibir ou atrair mulheres. É o tipo de dinheiro que alguém precisa, não o tipo de dinheiro que alguém quer. Eu acho que se o ladrão fosse um homem emitiria um cheque de £700.000,00 em vez de £700,00. Naturalmente, eu não tenho essa quantia de dinheiro (nem, presumo, os meus colegas de LSE). Entretanto, do ponto de vista do ladrão, se houvesse pelo menos uma chance em 1.000 (0,1%) de o cheque ser compensado, ele jogaria na possibilidade de ter as £700.000,00 ao invés de conseguir seguras £700,00. Considerando a elevadíssima propensão dos homens a correr riscos, eu penso que um ladrão homem poderia ter tentado essa possibilidade. Tal é o poder da imaginação psicológica evolutiva: permite que você saiba quem pôde ter roubado seu dinheiro mesmo antes que a polícia o faça.

O trabalho de psicólogos evolucionistas como Martin Daly, Margo Wilson e Anne Campbell explica por que os homens são bem mais violentos e criminosos do que as mulheres, e por que esta diferença entre os sexos é culturalmente universal. Eu devo assinalar, entretanto, que de acordo com os dados da Interpol há uma exceção a esta regra no mundo. Um número significativo de infratores que comete todos os crimes graves na Síria, ano após ano, é de mulheres. Eu francamente estou confuso com estas estatísticas, no entanto, é muito difícil para mim (ou para qualquer psicólogo evolucionista) acreditar que as mulheres sírias, sozinhas no mundo inteiro, são originalmente mais criminosas do que as mulheres de outras partes.

Eu tenho fortes suspeitas de que estas estatísticas refletem algum erro burocrático (por exemplo, o “masculino” e o “feminino” foram erroneamente registrados quando o formulário da Interpol foi traduzido pela primeira vez para o árabe há alguns anos, e os mesmos formulários são fotocopiados e usados todo ano) ou existem algumas razões culturais ou institucionais (por exemplo, as mulheres podem rotineiramente assumir os crimes cometidos por seus maridos, irmãos, ou pais). Eu pedi a vários especialistas sírios uma explanação plausível desde que tomei conhecimento da anomalia estatística, isso em 1997, mas ainda não houve uma explicação satisfatória. Entretanto, estou certo de que as mulheres sírias não cometem a maioria dos crimes graves em seu país. Como Francis Crick - um dos descobridores do DNA, e provavelmente o maior bioquímico do século XX - sempre diz, “Se os fatos não cabem na teoria, primeiro questione os fatos”.




*Pesquisa e tradução: Marcos Brunini (marcosbrunini@yahoo.com.br)
São Paulo – SP, janeiro de 2009.


[1] Why are almost all criminals men? Part IV, disponível em http://blogs.psychologytoday.com/blog/the-scientific-fundamentalist/200807/why-are-almost-all-criminals-men-part-iv, acessado em 06/01/2009.

[2] Satoshi Kanazawa, psicólogo evolucionista, leciona na London School of Economics and Political Science e é coautor (com Alan S. Miller) de Por Que Homens Jogam e Mulheres·Compram Sapatos - Como A Evolução Molda Nosso Comportamento. Rio de Janeiro: Prestigio Editorial. 2007.

domingo, 3 de maio de 2009



NÃO SOU ASSIM

por ronaldo duran*



Queria ser normal. Ter aspecto bom. Um cara atraente. Nada desta corcunda pronunciada. De quebra podia melhorar o peitoral. O pescoço ereto, não quebrado pro lado direito. O nariz não precisava ser de galã de novela, vai, porém delgado, longe deste horroroso buraco. Que as pernas fossem iguais, simétricas. Quanto à altura não sei se uma mudança faria diferença. Tom Cruise e Getúlio Vargas, baixinhos de sucesso, né?


Desde cedo, aprendi a fazer troça da própria miséria. Residiria aí a essência do nirvana? Se não agisse assim, a vida pareceria um inferno. Na adolescência, que tormento. À época dos treze aos dezesseis anos, quando procuramos auto-afirmação, se todo adolescente se sente feio, deslocado, desengonçado, imagina eu. Tinha o espelho e colegas babacas para me zoar. A situação era tão crítica, que quando me chamavam de Corcunda de Notre Dame, eu saia no lucro.


Juro, quando fiz 20 anos, achei que recorreria à zona para conhecer o sexo feminino, tamanho era o afastamento que pensava provocar nas meninas. Sim, tinha ótimas e sinceras amigas. Mas quando alguém chegava a brincar “Eu acho que você vai namorar com o Corcunda”, pronto, era motivo para umas diminuírem o contato. Raro negavam com palavras tal possibilidade. Para quê? Ouvir que “ele um dia achará alguém especial” servia para dar o chute no traseiro.


Pintou uma mulher, linda de espírito. Gostou do meu papo? Sentiu pena? Quis lutar contra os preconceitos? Me ama de verdade? Nem quero saber. Com ela me livrei da posição de celibato e tive um pimpolho, que é a razão de minha vida.


E no trabalho? Bem, agora tá tranqüilo. Aquilo de lei pra deficiente ajudou um pouco, do contrário de que maneira conseguiria entrar como auditor na receita federal? Tudo bem, que por não ser muito popular com as garotas e nem o bambambá nas rodas de amigos, eu tive que me refugiar nos estudos. Quando entrei para fazer matemática, sabia mais que o professor que lecionava estatística, pode? Tamanha era minha dedicação, ou para uns, meu escapismo.


Não sou assim. Eu não sou como me vejo no espelho: tão feio, tão repelente. Tem dia que eu levanto animado. A aurora me convidando a sonhar. Cheio de disposição, pego minha melhor roupa, a pasta, as chaves do carro. Tudo indicando uma pessoa normal, que se ama. Quem joga água fria no meu ego são os malditos espelhos. Não o de casa, pois de tanto eu procurar, achei um ângulo mais confortável à minha fisionomia. Mas os da rua, do trabalho, esses são desumanos. Me mostram a imagem nua e crua. E daí pra mergulhar na depressão é um pulo. Quem sabe um dia eu amadureça? Vai ser difícil. As pessoas me olham com pena, com asco, com a expressão velada aí-que-dó-aquele-sim-deve-sofrer.

*Romancista, colabora com crônicas toda semana em jornais.