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sábado, 2 de maio de 2009

ivan de carvalho junqueira

SOMOS TODOS IGUAIS



Ivan de Carvalho Junqueira*



O chamado racismo, infelizmente, persiste. Filho do ódio, primo da arrogância e ignorância, insiste. Ganha fôlego em nossa sociedade, a qual de há muito se pretende branca, rica e sexista, à manutenção dos tais estereótipos que, há quinhentos anos ou mais, vêm nos atormentar, no andar de cada dia ou na sra. televisiva. Hipócritas, teimamos em dizer que, por suposto, diminuira. Afoitos, tratamos logo de nos isentar, desconstruindo mitos e falas (que, por fração de segundo, entala...) a, sem dúvida, ainda que no repente, também nos culpar. Expressões, não obstante corriqueiras, hão de, cedo ou tarde, nos entregar. Ao pé da letra, reproduzem muito do que, no íntimo, acreditamos e, assim, apartamos. Mas, por que não cessar?



Raças? Ora, inexistem raças! Afinal, só existe uma: a humana. Há, sim, diversidades e que, por sinal, são muitas, imensuráveis. De etnia, cor, credo, convicção política, partidária ou filosófica, ao livre exercício da sexualidade, ainda que diante de toda essa adversidade a, décadas e décadas, nos sufocar.



Um brinde ao 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, à tentativa de nos humanizar, ao término de mais uma guerra a revoltar. Assim, cabe-nos, uma vez mais, máximo respeito e, lembremo-nos, por favor, de que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (Art. I).



Mas isto, apenas, não nos basta. Que nossas atitudes e ações possam, de fato, reproduzir mudanças efetivas, comportamentais. Sempre de coração, jamais por conveniência quando da perda de nossa pseudoinocência.



Repudiemos, portanto, toda e qualquer forma de violência. Ela igualmente nos diz respeito, nos agride e não apenas quando na figura do “outro” a quem habitualmente nos referimos, de modo simples e corriqueiro, como apenas o “outro”, à justificativa de nossa passividade e omissão que, a propósito, caminham juntas e nada mais são que, numa só palavra, “aceitar”, quão uma carta a discriminar.



Lutemos pelo reconhecimento, concretamente, dos direitos dos negros, das mulheres e dos silvícolas, dos direitos das crianças e dos adolescentes, além dos idosos. E daqueles milhares, quase esquecidos, “invisíveis” a grande maioria, segregados do convívio social, recolhidos... Respeitadas as particularidades, acima de tudo irrenunciáveis, traduz-se em anseio coletivo, cujas prerrogativas, fundamentalmente, adstritas são a todos e a cada qual de nós.



Que chegue o dia, como já dizia Luther King Jr., que “meus filhos vivam num país em que não mais sejam julgados pela cor de sua pele e, sim, pelo conteúdo de seu caráter”.



Continuemos a lutar e lutar, com determinação a não mais segregar, até o último segundo de nossas vidas, que um dia se expira, no dia e ano que começa e termina mas, também, nos muitos outros que se avista.

*Bacharel em Direito, agente educacional da Fundação Casa/SP. Seu mais recente livro publicado é: “Do ato infracional à luz dos direitos humanos”.

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