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sábado, 23 de maio de 2009

marcos brunini maio III







O PARADOXO DA POLIGAMIA II:






POR QUE A MAIORIA DAS MULHERES SE BENEFICIA COM A POLIGAMIA



E A MAIORIA DOS HOMENS COM A MONOGAMIA [1]




por Satoshi Kanazawa[2], 21/02/2008.







Contrariando a crença popular, a maioria das mulheres tira proveito da sociedade polígama, e a maioria dos homens tira proveito da sociedade monógama. Isto porque a sociedade polígama permite que algumas mulheres compartilhem de um mesmo homem rico e com status elevado. George Bernard Shaw (um dos fundadores da London School of Economics and Political Science, onde eu leciono) colocou isso melhor quando afirmou que “o instinto materno conduz a mulher a preferir a décima parte de um homem de primeira classe à possessão exclusiva de um de terceira”.

Ou, como o comediante Bill Maher perguntou aos convidados em seu programa de TV Politically Incorrect [Politicamente Incorreto], em sete de janeiro de 1998, “você preferia ser a segunda ou terceira esposa do Mel Gibson ou a única esposa de Willard Scott?”, ao que uma das convidadas, a comentarista e ativista conservadora Susan Carpenter McMillan respondeu, “se fosse o Mel Gibson eu não me importaria em ser a número um, dois ou três”. Naturalmente isto há alguns anos, quando Gibson era altamente desejável. Substitua Mel Gibson por Matt Damon. O rol de características eleitas muda em uma década, mas o princípio permanece o mesmo.


Ao contrário, a maioria dos homens tira proveito da sociedade monogâmica. Dada uma relação de 50% de homens para 50% de mulheres, a sociedade monogâmica garante virtualmente uma esposa para cada homem, mesmo para um de terceira classe. Sob a poligamia, alguns homens de terceira podem não encontrar uma esposa, ou, mesmo se tiverem sorte o bastante para encontrar uma, sua esposa não será tão desejável como a que podem assegurar para si sob a monogamia, porque sob a poligamia as mulheres mais desejáveis se tornariam a segunda, terceira, ou décima esposa de homens mais desejáveis.

As exceções a esta regra são as mulheres altamente desejáveis, que tiram proveito da sociedade monogâmica, e os homens altamente desejáveis, que tiram proveito da sociedade polígama. Uma mulher altamente desejável pode casar com um homem altamente desejável sob quaisquer circunstâncias, mas sob a poligamia teria que compartilhar seu marido desejável com outras mulheres, enquanto que sob a monogamia pode monopolizá-lo. Um homem altamente desejável pode ter múltiplas esposas sob a poligamia, mas deve restringir-se a somente uma esposa (embora altamente desejável) sob a monogamia.

É da natureza da distribuição estatística (“curva normal/de sino"), entretanto, o fato de que a maioria das pessoas não está nos extremos de cada lado; por exemplo, a maioria das pessoas não é extremamente alta ou extremamente baixa, mas está perto de uma altura média. Do mesmo modo, a maioria dos homens e das mulheres não é nem extremamente desejável nem extremamente indesejável. Assim a maioria dos homens beneficia-se sob a monogamia, e a maioria das mulheres beneficia-se sob a poligamia.

Quando os homens imaginam o que é viver em uma sociedade polígama, imaginam-se casados com várias esposas. O que não percebem, entretanto, é que, mais do que provavelmente, seriam deixados sem nenhuma esposa em uma sociedade polígama. A união polígama numa sociedade polígama é sempre limitada a uma minoria de homens. Se metade dos homens tem duas esposas cada um, então a outra metade não pode ter nenhuma esposa. Se ¼ dos homens têm quatro esposas cada um, então os outros ¾ não podem ter nenhuma esposa. Quando as mulheres imaginam o que poderia ser viver em uma sociedade polígama, imaginam-se tendo que compartilhar seu marido atual com outras mulheres. O que não percebem é que poderiam compartilhar Matt Damon ou Bill Gates com outras mulheres.

Quando começamos a olhar as coisas através das lentes da psicologia e da biologia evolucionistas, elas começam a parecerem bastante diferentes. Algo que antes pensávamos ser completamente bizarro e moralmente errado, como a poligamia, começa a parecer bastante natural e comum. Igualmente, a nova perspectiva nos dá um insight de como as mulheres, e não os homens, em sua maioria, se beneficiam em sociedades polígamas.




Pesquisa e tradução: Marcos Brunini (marcosbrunini@yahoo.com.br).
São Paulo – SP, março de 2009.




[1]The paradox of polygamy II: Why most women benefit from polygamy and most men benefit from monogamy, disponível em http://blogs.psychologytoday.com/blog/the-scientific-fundamentalist/200802/the-paradox-polygamy-ii-why-most-women-benefit-polygamy-an, acessado em 20/02/2009.

[2] Satoshi Kanazawa, psicólogo evolucionista na London School of Economics and Political Science e coautor (com Alan S. Miller) de Por Que Homens Jogam e Mulheres·Compram Sapatos - Como A Evolução Molda Nosso Comportamento. Rio de Janeiro: Prestigio Editorial. 2007.

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