PEDAGOGIA POLÍTICA
por Marcio Alexandre Masella*
e Roberta Braga Capalbo**
Este trabalho tem como objetivo apropriar-se do conhecimento relacionado à temática política e educação. No desenvolvimento das questões apresentadas Paulo Freire contextualiza a formação política do educador, embasando teoricamente nossas reflexões e dialogando com autores que discutem a política, como Aristóteles e Brecht e autores que discutem a relação entre política e educação, como Cortella e Saviani.
O papel do educador no seu ato político pedagógico e sua reflexão com o discente revela papéis antagônicos que, discutidos, analisados e ponderados, estabelecem uma lógica comum estruturada no diálogo e na tolerância em prol de uma transformação social.
Discutir o caráter político da educação é conscientizar-se que o papel do professor não é de transmitir conteúdos com uma postura de neutralidade ou de maneira desvinculada à realidade, e sim de uma construção de conhecimento que explicite sua postura política nas ações cotidianas e que permita aos educandos tornarem-se críticos e questionadores da sua realidade social, tendo sua própria ação política consciente como prática da transformação.
Buscamos compreender o papel do educador na ação consciente dentro de uma abordagem político pedagógica, enquanto meio de transformar a realidade voltada para a necessidade de conscientização, com respeito à diversidade humana no espaço da escola, com seus educadores e demais atores envolvidos, para resgate dos valores éticos e sociais.
INTRODUÇÃO
Buscar, transcender limites, ir além, descobrir, é o que faz do homem um ser em constante transformação. O ser humano é um ser de integração e isso possibilita nossa ação sobre o condicionamento cultural que temos, tornando-nos capazes de modificar a realidade.
Buscar, transcender limites, ir além, descobrir, é o que faz do homem um ser em constante transformação. O ser humano é um ser de integração e isso possibilita nossa ação sobre o condicionamento cultural que temos, tornando-nos capazes de modificar a realidade.
A mudança, entretanto, pressupõe reflexão. Não uma reflexão apenas de constatação, mas uma reflexão que parta de uma ação e traga de volta a esta uma nova postura. É o que conhecemos como ação-reflexão-ação. É o ‘pensar certo’ que Paulo freire nos coloca.
Modificar a realidade pressupõe uma ação consciente. Consciência no que se faz, como se faz, por que se faz. Qualquer ação para com o outro se reflete numa ação consigo mesmo. Portanto é na nossa ação que mostramos ao outro nossas crenças. É sendo um educador crítico, questionador, estimulador, que ensinamos nosso aluno a sê-lo também. Para tomar tal postura é preciso nunca parar de aprender e de buscar novos saberes. Essa busca nos é inata e é sobre ela que devemos refletir.
Se buscar saberes é inato, nossa responsabilidade enquanto educadores é, através da diretividade da educação, ensinar nossos alunos a aprender. Aprender a aprender o social, o político, o cultural, o econômico, o ideológico, o histórico.
E aprender diante disso é perceber-se, reconhecer-se enquanto ser ativo em todas estas dimensões. É perceber a relação opressor-oprimido e nela refletir para libertar-se e libertar ao outro. É tornar possível aquilo que uma vez se disse e que foi soterrado por outros dizeres que se aceitam e/ou não se vêem enquanto oprimidos. É pensar que pode ser diferente, como pode ser diferente e o que se precisa fazer. É tornar concreto o ‘inédito viável’. A idéia de que ainda não é possível, mas pode ser. “ A autenticidade se dá quando a prática do desvelamento da realidade constitui uma unidade dinâmica e dialética com a prática da transformação da realidade”.[1]
Este desvelamento da realidade não é só por parte dos educandos, mas também, e em primeira instância, é responsabilidade de nós educadores. Que cidadãos buscamos formar e de que maneira? Precisamos exercitar a nossa capacidade de ação-reflexão-ação. Isso significa colocar-se numa postura ativa diante das situações educativas, perceber-se enquanto ser político.
Reconhecer-se como tal é o que dá concretude ao nosso trabalho, e, mais ainda, o que possibilita uma prática coerente e uma constante reflexão do nosso papel político-social e da nossa responsabilidade na construção de conhecimento dos nossos educandos.
(*) e (**) Mestrandos em Educação pela PUC de São Paulo.
[1] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança.3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992,p.103
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