A idade média da puberdade declinou regularmente na maioria das sociedades ocidentais no século passado. A melhora da nutrição é certamente uma razão para a idade mais adiantada da puberdade. Mas há uma outra causa potencial para ela.
Os psicólogos do desenvolvimento sabem já há duas décadas que as meninas cujos pais se divorciam cedo em suas vidas, particularmente antes de seus cinco anos, experimentam a puberdade mais cedo do que aquelas cujos pais permanecem casados. Meu companheiro, blogueiro do Psychology Today (e também companheiro de exílio em Londres), Jay Belsky estava entre os que fizeram as principais contribuições teóricas nesta área, há quase 20 anos. As meninas cujos pais se divorciam cedo em suas vidas têm igualmente maior probabilidade de começar sua vida sexual em uma idade mais precoce, ter um número maior de parceiros sexuais, ficarem grávidas ainda na adolescência, e se divorciarem no primeiro casamento.
Desde que a finalidade biológica da puberdade é marcar o início da possibilidade reprodutiva, faz pleno sentido evolutivo que as meninas que entram na puberdade mais cedo comecem a se relacionar sexualmente, tenham mais parceiros sexuais, e fiquem grávidas mais cedo. (Recorde aqui os perigos da falácia naturalista. Apenas porque algo faz pleno sentido evolutivo não significa que é bom ou desejável.) Mas por que a presença ou a ausência do pai em casa durante a primeira infância afeta a idade da puberdade e assim o início e a promiscuidade da atividade sexual?
Há duas explicações competindo entre si. Uma é que as meninas que experimentam a puberdade cedo são geneticamente diferentes daquelas que a experimentam tarde. A outra explicação é que as meninas têm composição genética similar, mas respondem ao ambiente diferentemente, começando a puberdade cedo ou tarde. Afinal, qual modelo está correto?
No caso do timing da puberdade, ambos os modelos provavelmente estão parcialmente corretos. Na sustentação do modelo genético, há uma evidência substancial de que o timing da puberdade de uma menina é em grande parte hereditário: cerca de metade de sua variação é explicada por diferenças genéticas. Neste modelo, as meninas que entram cedo na puberdade têm, simultaneamente, maior probabilidade de um divórcio por causa de sua maior tendência para a promiscuidade sexual, bem como de passar para suas filhas os genes de sua puberdade precoce – maior promiscuidade.
Há duas explicações competindo entre si. Uma é que as meninas que experimentam a puberdade cedo são geneticamente diferentes daquelas que a experimentam tarde. A outra explicação é que as meninas têm composição genética similar, mas respondem ao ambiente diferentemente, começando a puberdade cedo ou tarde. Afinal, qual modelo está correto?
No caso do timing da puberdade, ambos os modelos provavelmente estão parcialmente corretos. Na sustentação do modelo genético, há uma evidência substancial de que o timing da puberdade de uma menina é em grande parte hereditário: cerca de metade de sua variação é explicada por diferenças genéticas. Neste modelo, as meninas que entram cedo na puberdade têm, simultaneamente, maior probabilidade de um divórcio por causa de sua maior tendência para a promiscuidade sexual, bem como de passar para suas filhas os genes de sua puberdade precoce – maior promiscuidade.
Como conseqüência, as meninas que crescem sem um pai (porque sua mãe se divorciou ou nunca foi casada) têm maior probabilidade de experimentar a puberdade mais cedo e se tornarem mais sexualmente promíscuas, pois herdaram os genes que as predispuseram a isso.
Ainda que a evidência ampare o modelo genético, as influências ambientais podem igualmente afetar o timing real da puberdade dentro da janela ajustada pelos genes. Este fenômeno é similar a outros traços biológicos, tais como a altura, o peso, ou a inteligência. A altura, por exemplo, é altamente hereditária, de modo que os filhos de pais altos na média tornam-se mais altos do que crianças de pais mais baixos; os genes estabeleceram os limites da altura adulta potencial. Dentro destes limites, entretanto, as influências ambientais, tais como a nutrição ou a exposição da infância à doença, podem determinar a altura adulta real.
A outra metade da variação do timing da puberdade não é explicada pelos genes, portanto as circunstâncias ambientais podem influenciar o início real da puberdade dentro da janela ajustada pelos genes. Uma das influências mais importantes da primeira infância é a ausência do pai. Neste modelo, as meninas que crescem sem um pai aprendem que os homens não constituem relacionamentos duráveis com mulheres e não investem em sua prole.
Estas meninas adotam então uma estratégia reprodutiva mais promíscua de submeter-se a puberdade cedo e ter relacionamentos de curto prazo com um grande número de parceiros sexuais, porque pressentem que não podem confiar nos homens para dar forma a um relacionamento compromissado e fornecerem investimento parental em sua prole.
Ao contrário, as meninas que crescem com um pai em casa aprendem lições opostas, ou seja, que os homens constituem relacionamentos duráveis com mulheres e investem em sua prole. Estas meninas adotam então uma estratégia reprodutiva mais contida, consistindo em atrasar sua puberdade e ter relacionamento de longo prazo compromissado com um parceiro que invista em sua prole. Consequentemente, a presença ou a ausência de um pai no lar de uma menina antes dos cinco anos pode explicar a idade de sua puberdade e sua estratégia reprodutiva.
Até aqui, tudo bem. Mas se você realmente pensar sobre, há um enorme furo lógico nesta teoria ambiental do timing da puberdade. Discutirei qual é no próximo post.
Até aqui, tudo bem. Mas se você realmente pensar sobre, há um enorme furo lógico nesta teoria ambiental do timing da puberdade. Discutirei qual é no próximo post.
Pesquisa e tradução: Marcos Brunini (marcosbrunini@yahoo.com.br)
[1] Why has the age of puberty declined in recent decades? I, disponível em http://blogs.psychologytoday.com/blog/the-scientific-fundamentalist/200810/why-has-the-age-puberty-declined-in-recent-decades-I, acessado em 04/02/2009.
[2] Satoshi Kanazawa, psicólogo evolucionista, leciona na London School of Economics and Political Science e é coautor (com Alan S. Miller) de Por Que Homens Jogam e Mulheres·Compram Sapatos - Como A Evolução Molda Nosso Comportamento. Rio de Janeiro: Prestigio Editorial. 2007.
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